Sunday, June 3, 2012

Não sou maluca por bicicletas

Definitivamente, eu não sou uma apaixonada por bicicletas. Gosto mais da calma de um passeio a pé pela cidade do que da adrenalina de descer as ruas com o vento na cara, em duas rodas.

Sou pela gargalhada de uma criança, gosto de uma boa aula de yoga e raramente saio de casa sem um livro para ler à primeira oportunidade. Dou-me com toda a gente, mas não sou de muitas palavras, costumo ver facilmente os dois lados da questão e por isso defender ideias não é o meu forte.

Ouço as histórias que ninguém conta e tento encontrar palavras que lhes deem corpo e alma. E às vezes parece que pressinto aquilo que ninguém conta porque as pessoas nem sequer sabem que guardam em si esses mistérios. Adivinho pessoas que se escondem atrás das janelas com medo de escancarar as suas vidas em cidades fechadas. Assisto à passerelle louca de barulho  e de fumo de veículos que ocupam as artérias principais da cidade e vislumbro ali espaços de encontro  e de mãos dadas. Contemplo os olhos da minha filha e vejo o brilho de um futuro limpo e luminoso.

 A cidade é a amiga que me ofereceu de prenda uma bicicleta como forma de me dar as boas-vindas. Eu tinha acabado de chegar, de mudar de trabalho e de casa e de me deixar mudar pela vida. Agradeci e experimentei o presente, não posso dizer que seja maluca por bicicletas, mas respeito mais a cidade agora. E é a circular com a minha energia que respiro o futuro, manchado de cores e cheiros de tantos ciclistas urbanos que gritam “é possível ser feliz, fazendo os outros felizes” e regam com o seu suor as flores novas dos passeios.

Eu não sou amante de bicicletas, mas não deixo de me emocionar com a sua leveza de mariposas esvoaçantes.

Daniela Costa

1 comment:

  1. Beleza, graciosidade, grandeza é disso que todos somos feitos... mas nem sempre a grandeza e a graciosidade são percebidas, muito menos pelas massas.

    Contudo, a vida rega as flores com seu suor... deixemos o suor formar gotinhas sobre a pele e deixemos que as flores o observam em vida nova...

    Matas-me, paras-me e renovas o meu olhar, para além do visível e pela mão levas-me um pouco mais perto da essência...

    Gratias

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